
Obrigado, Teresa. Esperamos ver-te em Setúbal no dia 25 de Março de 2012 e, sempre que quiseres, por aqui. Aguardamos os teus textos e comentários.
- Já a falar num novo ENCONTRO?
- Se já tem data, por que não?
Bom, tratar do passado olhando o futuro!
A data foi marcada no passado domingo, no II Encontro Livreiro Anual em Setúbal.
No próximo ano, 2012, o último domingo de Março é o dia 25:
vai haver nesse dia III Encontro Livreiro.
E nesse dia o acontecimento já completará dois anos. Muito novo! Mas, se crescer ao ritmo do seu primeiro ano, é preciso cuidar-lhe das asas.
O tempo voa!
E o «espantalho»?
Sabe-se lá se vai voar ou se continua no seu lugar! De pouco a pouco envia sinais de partida, mas vai ficando…
Quem daí nos quer trazer de novo à leitura daquele poema que ontem partilhámos, no nosso «encontro e convívio», e que é parte integrante de O Espantalho Voador de Fernando Bento Gomes?
Tenho de repetir! Ao menos o «ponto» final :
A vida de uma cidade
nasce das mãos das pessoas.
O II Encontro Livreiro, que ao longo de todo o mês despertou um interesse e teve uma divulgação que deverão, talvez, merecer um cuidadoso momento de reflexão, atingiu os seus objectivos de encontro e agradável convívio de Gentes do Livro. Com os quarenta a cinquenta participantes que se previra (Cf. notícia da Lusa que pode ser lida no DN de sábado, 26). Participantes fisicamente, porque não foram poucos os que quiseram e não puderam vir e muitos mais foram os que não pretendendo vir acompanharam com interesse o modo como o acontecimento se propôs.
Quem foi participando e sentindo crescer a satisfação de estarmos uns com os outros em intervenção, em troca de ideias, em ficarmos a conhecer-nos, a aperceber-mo-nos do enriquecimento desta troca de pontos de vista muito diferentes, saiu contente… e, e, e… e tarde da Culsete e (muitos) de Setúbal.
EU VI!
E o livreiro velho? Que tal?
Está aqui para agradecer a todos e a muitos: os que participaram e os que não-mas…
Ora, digam! Façam o favor de se porem no lugar dele: não se sentiriam gratos a quem participasse num acontecimento assim, nas vossas casas, a vosso convite?
Quando sentiu que o pretendido ambiente já estava a acontecer, o livreiro velho rejubilou. E foi tão bem tratado!
O II Encontro Livreiro Anual em Setúbal acabou deixando a sorrir todos os que foram ficando até se acabar a tarde e a noite chegar com uma chuvinha bem semelhante à da madrugada:
«Março, marçagão!…».
Até a metereologia!
Muito simpática, ao longo da tarde!
Contente, muito contente que estava o livreiro velho. E não o escondeu!
Então ficou satisfeito?
Depende do que se entender por satisfação.
Tudo podia ter sido ainda melhor. É preciso crescer, aprender a tirar todo o proveito da experiência que se vai adquirindo. À medida que se cresce mais fácil é perder a espontaneidade e afabilidade que proporcionam conhecimento e bom entendimento.
Conhecimento e entendimento: a base da possível, necessária e urgente cooperação.
Como Pedro Vieira apelou, ao enviar pelo seu blogue o seu-nosso cartaz: GENTES DO LIVRO, UNI-VOS!
Já estamos no III Encontro Livreiro Anual em Setúbal desde a segunda-feira a seguir a vivermos o II:
ouvi o apelo de Luís Guerra e espero ir ao seu encontro para que o Encontro Livreiro, pela blogosfera, vá decorrendo até 25 de Março de 2012.
Espero!
Ouço-me em eco?
Não, não!
Mais espero e muitíssimo a sério, é de quem levou a sério a percepção que teve do prazer e proveito de nos encontrarmos, nos conhecermos e convergirmos.
Depois do êxito de tão participativa comunicação na blogosfera, durante as últimas semanas, daqui a um ano que todos se «queixem» do Luís Guerra por nos ter pedido que fôssemos «postando» ideias, iniciativas, tudo e de tudo o que é nosso, no nosso blogue «encontrolivreiro.blogspot.com
Queixemo-nos de nos ter apanhado com o seu reconhecido entusiasmo por uma causa que afinal é a de todos nós!
Nós,
a quem livros e leitura enchem e preenchem a vida.
L. V.
Mais uma vez um P. S.!
É para dedicar este texto aos blogers que…
L. V.
1) – As várias profissões do sector livreiro têm vivido permanentemente de costas voltadas e há que pô-las a «viajar no mesmo barco para o país da leitura»;
2) - Os índices de leitura, em Portugal, são baixíssimos e é neste âmbito que há mais trabalho a fazer, até por ser fundamental em toda a cadeia do livro, seja este em que suporte for. Não valerá muito a pena discutirmos a questão dos suportes se não resolvermos o problema da leitura;
3) - A profissão dos tradutores nem sempre tem sido respeitada, assistindo-se a um “salve-se quem puder” e à recorrente utilização do mais barato em vez da qualidade;
4) - O papel dos professores e das escolas, com honrosas excepções, nem sempre tem sido o melhor e não existe verdadeiramente uma política, na educação, de promoção da leitura.
E como alterar isto? Encontrámos, na nossa conversa do ano passado, algumas pistas:
- Reunindo em vez de dividir;
- Ouvindo em vez de impor;
- Convivendo em vez de continuar de costas voltadas;
- Metendo as mãos na massa em vez de esperar que outros resolvam os nossos problemas;
- Tomando consciência de que todos somos poucos para a árdua tarefa de fazer da leitura um desígnio nacional crucial para o progresso e para a nossa identidade e maioridade cultural;
- Contrariando a opinião acrítica e a formatação de um gosto dominante que prima pelo fugaz, pelo efémero e pelo superficial;
Sobre a questão do ENCONTRO e do CONVÍVIO refira-se que foi clara, desde o início, a intenção de manter esta dupla característica, associada ao carácter informal, livre e aberto, transformando o ENCONTRO LIVREIRO num espaço de reunião, de reflexão e de partilha em que não há distinções, em que nos tratamos pelo nome próprio e não por títulos, em que não há «estrelas» nem oradores convidados com uma assistência ou espectadores, mesmo que com direito a uma ou duas questões, em que inventariando e falando dos nossos problemas comuns possamos, com isso, estar já a contribuir para o encontrar de soluções e de caminhos.
Encontro e convívio, dois termos que queremos de mãos dadas para cumprir a vontade de Manuel Medeiros, o Livreiro Velho, que um dia sonhou este espaço das “gentes do livro” e se empenhou com todas as sua forças na sua concretização.
O convívio, melhorando e aprofundando o conhecimento mútuo, melhora e aprofunda o encontro, mas se não nos encontrássemos, como daríamos ao convívio o tão necessário calor humano que a proximidade física proporciona?
Queremos um encontro e um convívio que, em cada ano, seja sempre uma novidade, uma surpresa, um espaço aberto à participação e à criatividade. Onde, para além do abraço, da palavra, do moscatel, possa também acontecer a alegria e a festa.
Como temos afirmado no nosso blogue ISTO NÃO FICA ASSIM!:
O ENCONTRO LIVREIRO SERÁ O QUE TODOS NÓS, OS QUE AQUI ESTIVERMOS EM CADA ANO, QUISERMOS QUE SEJA.
E cá estamos nós no II Encontro Livreiro, na cidade de Setúbal (nem muito a Norte, nem muito a Sul, esperando que aqui acorram gentes do livro de todos os cantos do país) e numa livraria, a Culsete, que desde há muitos anos tem tido um papel relevante na “edição da leitura” e na intervenção cultural.
No livro Papel a Mais, que assina como Resendes Ventura em homenagem a seus avós paterno e materno, diz-nos Manuel Medeiros:
«A escrita, o livro, a leitura: um mundo! Vasto e complexo mundo! Quem encontrarei disponível para me acompanhar num breve olhar sobre ele?
Mundo habitado. O olhar encontra imediatamente os escritores e os leitores. Depois, entre a escrita e o livro, está o editor com o seu trabalho emérito. Entre o livro e a leitura estou eu, o livreiro. O escritor publica a escrita, o editor publica o livro, o livreiro “publica” a leitura.
Para publicar a escrita e o livro basta um escritor e um editor. Para publicar a leitura nem só o livreiro, muito menos um livreiro. (…) sou apenas um livreiro entre muitos, um livreiro em fim de carreira, que não consegue fugir à consciência do modo concreto como a sua vida foi marcada pelo mundo da escrita, do livro e da leitura.»
Isto deve fazer-nos reflectir sobre o papel central que, neste mundo do livro, ocupam as livrarias e os livreiros.
Resultou esta iniciativa de algumas conversas que fomos tendo, ao longo do tempo, sobre a necessidade de ultrapassar o lamento, a lamúria mesmo, as visões catastrofistas sobre o fim do livro – agora adensadas pelas alterações muito rápidas que se estão a dar sobretudo a nível dos seus suportes materiais – e, acima de tudo, a urgência de deixarmos de alijar responsabilidades sobre as malfeitorias que se vão fazendo neste sector. Um sector que, estranhamente (ou não), tem vindo a despertar apetites a quem vê aí grandes possibilidades de multiplicar rapidamente os seus investimentos. Estranho, não é? Ainda por cima num momento em que se ouvem, vindos de muitos quadrantes, os ecos da Declaração (talvez exageradamente apressada) do Fim do Livro.
Apelo, se me permitem, a todos os presentes para que nos digam de onde vêm, ao que vêm e o que pensam da necessidade de encontro e de convívio das gentes do livro, no fundo o que pensam desta iniciativa e do seu futuro. E que aqui lancem outras pistas para a reflexão e o debate.
E se, para garantir um melhor futuro ao livro, começássemos por dar uma melhor atenção ao problema da LEITURA?
E não acham que para isso há que defender as LIVRARIAS, o lugar privilegiado para o seu saudável desenvolvimento e crescimento?
E para quando os EDITORES a preocuparem-se mais com o que verdadeiramente faz falta na promoção da leitura, a única que pode garantir a sua própria sobrevivência como editores, e menos com a visão estreita de resultados apenas para o agora?
E as BIBLIOTECAS?
E as ESCOLAS?
E…?
E…?
O que é que já fazemos o que é que poderemos fazer mais para que LEITURA seja o desígnio nacional que pode e deve unir as gentes do livro?
Está lançado o debate e a reflexão.
(…)
Permitam-me uma palavra final sobre o blogue ISTO NÃO FICA ASSIM! pela contribuição que pode dar para que o ENCONTRO LIVREIRO, como espaço de reflexão, se mantenha permanentemente aberto. Peço a todos que o promovam, por todos os meios ao vosso alcance, e que aí façam chegar as vossas reflexões escritas, opiniões e propostas.
Conseguimos, este ano, uma maior visibilidade. Aproveito para agradecer publicamente a todos os que colaboraram na divulgação deste nosso Encontro Livreiro que, a partir de agora, não é mais possível ignorar. Ficam, desde já, todos convocados para o III Encontro Livreiro, a realizar aqui em Setúbal no dia 25 de Março de 2012.
Luís Guerra
Texto lido na abertura do II Encontro Livreiro, em Setúbal, Livraria Culsete, no dia 27 de Março de 2011.
Sara Figueiredo Costa
Porque razão é que na Imprensa francesa, inglesa, alemã, julgo que mesmo na espanhola, os jornalistas fazem estas coisas:
1. Numa reportagem, num artigo temático, recorrem muitas vezes a exemplificar ou a documentar uma ideia referindo livros;
2. Quando indicam o título do livro incluem entre parêntesis o editor;
3. Quase sempre publicam igualmente, mesmo que seja numa fotografia minúscula, a capa desse livro.
Digo isto porque, em Portugal:
a) Raríssimas vezes se referem livros existentes e que muitas vezes se percebe terem dado substância ao artigo;
b) Omite-se o nome do editor mesmo nos raros casos em que um livro é citado;
c) A regra é não se publicar a capa, nem mesmo quando o livro é a base da reportagem ou até em entrevistas com os autores do livro que só têm lugar por se tratar do lançamento da obra.
E se mudássemos esta prática entre duas áreas que têm em comum a necessidade de criar leitores? [sublinhado nosso]
Manuel S. Fonseca - AQUI
«A escrita, o livro, a leitura: um mundo! Vasto e complexo mundo! Quem encontrarei disponível para me acompanhar num breve olhar sobre ele?
Mundo habitado. O olhar encontra imediatamente os escritores e os leitores. Depois, entre a escrita e o livro, está o editor com o seu trabalho emérito. Entre o livro e a leitura estou eu, o livreiro. O escritor publica a escrita, o editor publica o livro, o livreiro “publica” a leitura.
Para publicar a escrita e o livro basta um escritor e um editor. Para publicar a leitura nem só o livreiro, muito menos um livreiro. (…) sou apenas um livreiro entre muitos, um livreiro em fim de carreira, que não consegue fugir à consciência do modo concreto como a sua vida foi marcada pelo mundo da escrita, do livro e da leitura.»
Resendes Ventura, Papel a Mais, Esfera do Caos, 2009, pp. 20-21.