Existem livrarias. Muito poucas. Cada vez menos. E locais de venda de livros.
A Culsete pertence, sem dúvida, à primeira categoria. Aí podemos encontrar — e este é um dos traços identificadores de uma livraria — fundos de catálogo, assim como um número bastante razoável de pequenas editoras representadas.
Para além disso, a Culsete tornou-se definitivamente reconhecível através de um nome: Manuel Medeiros. O sr. Medeiros, como eu o tratava. O incansável livreiro, dinamizador de múltiplos encontros em torno do livro e da leitura que transformaram a Culsete num ponto de referência obrigatório.
Devo considerar bastante estimulante o diálogo que mantive ao longo de anos com este homem singular. Fomos amigos. Nem sempre de acordo, embora no essencial não creio ter havido qualquer divergência.
A Fátima Medeiros, sua mulher, agora que ele partiu, não veio substitui-lo, até porque, de um modo ou de outro, todos somos insubstituíveis. Ela limita-se a retomar o que ambos iniciaram e isso é o que verdadeiramente importa.
"Livreiro da Esperança" é uma expressão que me parece bastante adequada quando nos referimos a Manuel Medeiros. Compete-nos agora não deixar extinguir esssa esperança e tentar contrariar todos os indicadores que tentam persuadir-nos da inutilidade de lutar pela preservação daquilo que julgo absolutamente imprescindível: livrarias.
João António Dias
Texto escrito após participação no Encontro Livreiro Especial de 30 de Novembro de 2013
Texto escrito após participação no Encontro Livreiro Especial de 30 de Novembro de 2013
Sem comentários:
Enviar um comentário